No Espaço
Mar de Espanha MG ANO I Nº 01 Março/2020
Órgão de Imprensa do Espaço Cultural Falabella
Palavra do Presidente
Por: Rafael Rezende Bertone da Costa
O retorno da imprensa em nosso munícipio. Minha preocupação era muito grande, sempre perguntava aos amigos e a mim mesmo: “Como vamos registrar nossa história?”, essa interrogação me perturbava. Sabemos que com a chegada da tecnologia foram substituindo os jornais impressos por sites e redes sociais, onde podemos acompanhar com mais velocidade a informação. Com isso, surgiram jornais digitais com mais pluralidade, confrontando muitas vezes com o tradicionalismo. Nossa cidade contou com inúmeros jornais, sendo muito deles financiados por políticos ou partidos locais. Segundo o historiador Celso Falabella o primeiro jornal que circulou na cidade foi “O Tentamem” no ano de 1882. Mesmo a cidade tendo contado com vários periódicos ao longo de sua história, o jornal “O Mar de Hespanha” é o que possui mais publicações, surgiu no ano de 1886, teve 5 fases, tendo sua última fase encerrada no ano de 2017.A Fundação Biblioteca Nacional disponibiliza a Hemeroteca Digital Brasileira, um portal de periódicos nacionais que possibilita a consultas pela internet de todo material jornalístico da instituição. Ao pesquisar os jornais de Mar de Espanha na plataforma o leitor poderá visualizar a edição de número 08 – Ano I, datado em 25 de Abril de 1886. No ano de 2016, analisei o material jornalístico que existe no Espaço Cultural Falabella, pude concluir que: “Na cidade, a imprensa era formada por pequenos grupos, que tinham o intuito de financiar os jornais para levar até o leitor uma abordagem sobre o município e ao mesmo tempo informação sobre o grupo político a que pertenciam.” Muitos nomes foram importantes na imprensa em nosso munícipio, alguns a história apagou, outros marcaram páginas que conseguiram chegar em perfeito estado até os dias de hoje. Eis que no último “Café com Zezé”, evento mensal que acontece no Espaço, a Sra. Clarice Temponi sugeriu a organização de um jornal. Na oportunidade, peço licença aos membros do Espaço para conferir o título de Madrinha do Jornal, a nossa amiga e mentora dessa ideia genial. Muito Obrigado!
Poesia Por: Maria Adelaide Temponi Torres
Somos o Espaço Cultural e ele, é nossa gente! Nem sempre, estou na casa da cultura./ Curiosamente, eu a tenho dentro de mim./ Eu a desejei muito!… Pensava:/ “Como erguêla? E, nos juntamos,/colegas, algumas de idade, outras/de profissão, todas da cidade/e que sempre sentimos falta/de um espaço, que juntasse/os retalhos da cultura de nosso/povo, suas casas, suas vidas,/dos locais públicos e seus fatos,/do desenvolvimento político e/ seus contextos, das belezas de nossos/ sítios, nossa natureza e de tudo/que formou Mar de Espanha e lhe/deu tradição. Tantas coisas a/ preservar!… Mas em que lugar?/ Como começar? Vai daqui, vai de lá,/uma cadeira, uma mesa, um armário/quadros, fotos, jornais, documentos,e o/que aconteceu? O Clube Recreativo apareceu/ Em pouquíssimo tempo, o acervo cresceu/ em volume e importância,/e, somado isto, à boa vontade/de pessoas de visão, formouse/a abertura física do Espaço./Pesquisouse a cidade vizinha e/chegouse à conclusão: o empreendimento/ teria que seguir os trâmites oficiais/dentro de leis do munícipio, além/das estaduais e federais.Cartórios,/advogados, conselhos, reuniões e sábias/orientações. Seguimos em frente, encantadas/até mesmo, algumas desilusões, mas/cheias de esperanças e boas intenções./De visionárias, às vezes, cunhadas/não nos deixamos abater/(se não se luta pelos sonhos,/não usufruímos do prazer…)/Passados oitos anos, aqui estamos/em nova fase, felizmente transitória,/mudados de endereço, enquanto a/sede antiga, histórica, passa por reestruturação./Ainda no núcleo da cidade, estamos/mantendo visitas e atendimentos a/pesquisadores, estudantes turistas, que/buscam fundo, nossas raízes, para sua/cultura acrescer./O Espaço Falabella, num breve futuro,/ queremos crer, terá seu brilho antigo,/no “Clube Recreativo” e mais coisas terá/a oferecer, enchendo a praça de artes/somando cultura à preservação./“Um povo que preserva seu patrimônio, unido, jamais será esquecido!”…
Ontem e Hoje Por: Maria José Gribel
COMO NASCEU O ESPAÇO CULTURAL FALABELLA Quis o destino que em 2003 chegasse a minhas mãos uma coleção de jornais antigos de Mar de Espanha, datados de 1926 a 1961, uma verdadeira preciosidade. Fui lendo neles, nas histórias contadas dia a dia sobre a vida social, religiosa, política e histórica daqueles anos memoráveis. Separei mês a mês, ano a ano e mandei encadernálos, tornandose 13 volumes de uma rica história de nossa cidade e de seus antepassados. Eu não podia ficar com tanta riqueza guardada, precisava disponibilizar a todos a beleza e o valor desse acervo. Surgiu, então, a oportunidade de fundarmos a Casa de Cultura, era o que eu precisava. Com um grupo de amigas e o apoio da senhora Vanilda do Valle, na época esposa do Prefeito Municipal, pude levar o meu sonho adiante e assim fundamos o Espaço Cultural Falabella. Cada uma levou o que tinha em casa, ganhamos alguns móveis, estantes, cadeiras. Enfim, doações foram chegando e quando vimos estava nascendo nosso Espaço Cultural, hoje referência da cultura em Mar de Espanha. Preservar nossas raízes, nosso chão, nossa história era a finalidade primeira. Assim, em setembro de 2005, inauguramos nossa Casa de Cultura. Foi escolhido por unanimidade o nome de Espaço Cultura Falabella, homenageando duas famílias italianas, imigrantes que vindo da Itália se fixaram aqui e criaram raízes. Este é o nosso Espaço Cultura Falabella, uma entidade autônoma e independente, que não recebe nenhuma ajuda do poder público. Sobrevive através de doações de pessoas amigas que como nós lutam a cada dia, para mantêlo aberto, para receber amigos e visitantes.
CAUSOS Por: Dalva Soares
Este trabalho faz parte de uma pesquisa com diversas pessoas que aqui viveram e conviveram numa sincronicidade exemplar. Fizeram parte da geração de infância que tiveram a sorte de brincar na rua, de sorrir e inventar histórias. Mané Casinha: era assim chamado por ser muito agitado e toda hora sentir necessidade de ir ao banheiro. Veio do Arraial de Engenho Novo e tinha aversão de que falasse de ele ter algum caso com alguma mulher. Aproveitando disso, Santana (uma antiga moradora) entrava na brincadeira dizendo ser ele o pai do Celinho (seu filho). Com isto ele xingava, brigava e ficava muito bravo. Dizia ser rico e que seu pai mandaria a herança da família toda para ele. Tinha muito medo de morrer. Certa vez, estando no bar do Hélio Ribeiro (hoje, Milano) quando Sá Ana do Zé Cruz (deu um peido e apagou a luz) pediu um pastel, comeu e morreu. Ele começou a dizer que o pastel estava envenenado e não entrou mais neste bar. Com isso as pessoas ofereciam pastel a ele; ele corria ou avançada gritando para aquela pessoa que queria envenenálo. Benedito, filho de Maria Bárbara passava perto dele e tomava à benção. Era uma farra! Só comia pão da casa da Cilese Martins. Vendia bananas que ganhava das pessoas que cortavam cachos de seus quintais. Zé Cipó: morava no Belém e vinha para a cidade com um porrete na mão. Não andava descalço, usava uma sandália feita por ele mesmo, de borracha de pneu amarrada com tiras de cipó. Por isso todos mexiam com ele gritando: “Estica Cipó, senão, dá nó” ele saia correndo atrás com seu porrete na mão. Jorge Rodinha: Morava com Maria Matola, andava com moedas nas mãos e fazia como se estivesse dirigindo carro. Para mexer, as pessoas entravam em sua frente; assim ele fazia manobras e buzinava: Queim, Queim e zangavase com as pessoas, pedindo que dessem espaço para suas manobras, às vezes dava ré. Chica da Lizota: Usava uma fita na cabeça e tinha um lombinho na testa. Perambulava pelas ruas da cidade com seu filho Amado. E as pessoas diziam a ela que alguém do outro lado da cidade queria falar com ela. Ao chegar, recebia à orientação de que quem queria falar com ela estava no outro lado. E assim ela ficava de lá para cá. Era piolhenta e ficava catando piolho em seu filho e ele catando piolho nela e era engraçado de se ver os dois catando piolhos um do outro.
Coluna Social
No dia 10/01 houve o lançamento do livro “Vivências”, de José Maria Pernisa. No dia 16/01 aconteceu o “Café com Zezé”, onde foi celebrado o aniversário de D. Maria José Gribel. Aconteceu um “Show de Prêmios” para arrecadar fundos em benefício ao Espaço. A diretoria agradece a todos que colaboraram. No dia 07/02 tivemos uma apresentação do grupo “Resgatando Raízes”, no Espaço Cultural. Foi inaugurado no Espaço a paredededicatória para a comemoração de seus 15 anos. Venha deixar sua mensagem. Completou no mês de Janeiro 20 anos do Grupo Corpo e Movimento. Parabéns as meninas que alegram nossa cidade. No sábado de Carnaval aconteceu o evento “Uma tarde com Carmen Miranda”. Parabenizamos a vicepresidente do Espaço Sra. Rogéria Carvalho pelo empenho e dedicação ao evento.